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Poetas iluminadas com a poesia Angélica Rizzi


FIOS PEROLADOS

E, se a gente for pescar  estrelas 

auxiliados de anzóis suspensos por  fios  perolados.

estrelas que são como brilhantes em águas de madrepérola

onde a lua reflete sua beleza rebelde                                                                                                                    

acariciada  pela noite

devorada pelo dia

alcançando os planetas

seduzindo  astronautas              

embalada pela dança das estrelas cadentes

na quietude de um rio, que invade o mar  



E, se a gente for pescar estrelas 

auxiliados de anzóis suspensos por  fios  perolados.

estrelas que são como brilhantes em águas de madrepérola

onde a lua reflete sua beleza rebelde            

acariciada  pela noite

devorada pelo dia

alcançando os planetas

seduzindo  astronautas          

embalada pela dança das estrelas cadentes

na quietude de um rio, que invade o mar  













































































ADORMECER NO TEU QUINTAL

- quero estar no teu quintal

voejar, com as  roupas do varal

pentear teus cabelos, com o sopro do vento

morder tua orelha

com, a força  da tempestade


adormecer na varanda

e, só acordar na primavera

com  o som da tua voz

receber as primeiras gotas de chuva

entregar meu tudo

ao, teu jardim









































































ANTES...



 quero sair para caminhar na grama.sentir a umidade  da terra nua na sola áspera dos meus pés.você lembra de mim? antes?

eu tinha os olhos azulados, como de Sofia, eu a frescura das margaridas, que repousam no vaso de cristal da mesa de cactos, onde você devora a cada dia uma  nova idéias extraídas das listas telefônicas.

como foi que flui de mim esse nosso encontro inesperado.porque eu não fugi? ainda havia tempo, de eu buscar a mim mesma em outro descampado..



































































MARGARIDAS  ENEVOADAS

vem  preencher os meus dias cinzentos

com sua afável poesia.

a ser assim: envolver-se o vento

nessa alma rude e, vazia.

estanque meu corpo com seus beijos

decifre as minhas aspirações,  com  um suave bafejar.

lacrimoso, me aninhe em seus braços a cantarolar.

na madrugada a distensa escuridão:

entediada vou me espalhar em espaços ignorados

apanhar margaridas enevoadas























































































E, SEU EU MORRER LOGO AO AMANHECER

ei, de esperar por ti

construímos uma casa

cultivamos um jardim

temos uma gaiola, e um papagaio de bico amarelo, que passeia pelos cômodos da casa !



eu me transformei

quando te conheci

me tornei criança

mas, envelheci



meu corpo não acompanha meus sonhos

meus braços alcançam as nuvens

preso a outra vida

desfalecido

o que eu te prometi

são apenas linhas de um verso inacabado



podíamos ter ido mais longe

percorrido o caminho de santiago

ou entre os girassóis na russia



mas, agora que o tempo é escasso

minha respiração é lenta

índia me deixa morrer

em paz

entre os seus cabelos



e quando estiveres triste

e as lagrimas ressequido

sua pele de café

leia no teto do céu

onde agonizo

eu sempre te esperarei













































SILÊNCIO



vem compartilhar do meu  silêncio

denso,lento  vou te devorar.

sentados lado a lado

podemos nos comunicar



na ausência das horas

eu posso te beijar?

e, se eu não estiver em casa:

é porque me  escondo no teu olhar.



não há quase nada;

é que  tenho tudo ;eu faço nada, para te agradar



eu me esmero no tempo

eu me procuro e, deslizo nas palavras

se eu adivinhar o teu nome

me da um beijo?



eu preciso me encontrar  febril,

eu ressuscito no calor do teu corpo.



se você me quiser assim:

eu sou louco, miserável;

vem compartilhar o meu silêncio..



























































FESTA



dançamos

 flutuando entre  casais

 mãos  famintas não nos detêm

a alegria de alguns

 fazem chorar outrem

a certeza de muitos

desgraça de alguns miseráveis

 garçons rodopiam, pela pista

malabares de substâncias  afrodisíacas

não precisamos de ópio

ou, de vinho

a paixão nos  move

por isso, estamos vivos 









































































SEM PRESSA



o seu cabelo nego é da cor do sol

a sua pele nego é  clara, cinza, pálida.

eu sou seu desejo, sua gueixa posso lhe fazer corar.

-------------------------------------------

eu preciso de você e, você me ama

somos tão puros,

 límpidos, como  a água

 me toca me beija sem pressa


não me deixa respirar


me  prende em  seus braços

até que eu  sinta falta de ar

não há nada,que nos prende,nem sufoca

porque somos tão  livres para amar.

o que eu tenho por você o que eu quero  é seu néctar e, seus olhos âmbar.

------------------------------------------------

sou doce, fresca e, ardente eu posso lhe incendiar.

se,   quero   eu  lhe busco  e, levo:

para qualquer lugar

 me toca me beija sem pressa


não me deixa respirar


me  prende em  seus braços

até que eu  sinta falta de ar

sou leve,sou livre,como o vento

você pode ser

tudo em mim

---------------------------------------

a vida  profana;  a  lua   nos  chama,

à noite nos protege, com seu manto de estrelas

e, enquanto, eu sigo lhe amando  prendo-o todo  a mim

me toca me beija sem pressa


não me deixa respirar


me prende em  seus braços

até que eu  sinta falta de ar











































O AMOR



o que pode ser mais anárquico que o amor?

se, fazemos qualquer coisa, pelo nosso desejo

e, carregamos as dores do mundo sem sentir dor

sem sentir dor?



admiro a atmosfera  cinzenta

e, vejo colorido nas nuvens

e, então adormeço com o ruído do teu corpo

tu  te moves, como se dançasse  valsa, com o vento



 e,eu nunca pensei em ser nada,

nem, nunca nada almejei.

eu te conheci, e ainda não  quero nada



  em passeios ao sol secando  os cabelos na disfarçada manhã 

eu ainda fantasio as ruas, portas, e pontes

lembra?

 juramos ser eternos etéreos.



o que você tirou de mim, se eu nunca tive nada?


o que restou de nós.

se nunca estivemos sós?



o que faríamos, com toda vida ?

todo o tempo?

 só nós dois!



























































TONALIDADES





absorvida com as  tonalidades do seu corpo

na peregrinação  das margaridas róseas, frescas, como beijos

suspiro com o toque nas axilas

tem  pupilas plúmbeas

e, agora posso descansar no seu ventre

contornar   as nádegas

eu já, tenho você em canção.



vejo o pouso de um corvo

você esconde  gestos  mórbidos

e, nos encontramos no silêncio

pode  correr pelas esquinas

quero seu rosto nas vitrines lácteas



no frio noturno

sussurra um trecho da nossa oração:

*(..)how many times must a man look up
before he can see the sky?(..)

vai partir sem me aninhar nos braços

seu corpo ainda  é  meu mundo

por onde andou, quando a primavera coloriu o telhado rubro





porque, procura a sabedoria platonica

engole camões  letargo, e se dispersa, com a muda melódica dos braços

engana o tempo todo,  para se distrair.

você foi  uma canção...





*blowin' in the wind,bob dylan/ (quantas vezes um homem precisa olhar para cima
até que possa ver o céu?)
























































ETERNIDADE

disseque meu corpo

e, leve-o até o jardim

deixe que o vento me conduza

flutuarei  pelo mundo

servirei de comida aos pássaros

alimento aos peixes

serei o que sempre quis:

eterna











































































TEMPORADA DE CAÇA



leve-me para passear

estou aberta a temporada de caça

enterre meu corpo entre os jazidos da família  circense

quero ser comida pelos vermes

embalada pela noite

oculta em partículas de suor

nas suas axilas..

























































































LIVRO DE ESPERA




por quanto tempo eu guardei os meus segredos

eles poderiam ainda ser meus

pode enlaça-los  aos cabelos

tatua-los em seu ventre

eles vieram para ficar.

estavam  enfeitados em fita dourada

mergulhados no fundo do baú

com minhas emoções

eu me perdi no tempo

devorei os espaços entre os versos de Camões

foram tantos anos só

quero compartilha-los

festeja-los com o fio de alegria  unido à linha da vida

olhe para as minhas mãos

elas ainda não têm calos

há descobertas

muitos caminhos  escusos

eu pedi para ficar

e, as páginas do  meu livro estão abertas

pode acaricia-las ,  sua  alma também se desnudará a cada  página

























































SINAIS

nadando em nuvens

 no azul do céu
não vejo seu rosto
não sinto meus pés na
apenas ouço minha respiração
o que há além deste azul?
adormecida sobre as nuvens
deixo, que o momento
me leve para onde possa flutuar
ao, entardecer
ainda encontro sinais
há estrelas depois do nevoeiro
será este o infinito























































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